14.7.11

Waltércio em Cores

Eu adoro Waltércio Caldas!
E vivo enxergando origami em tudo!
A partir da obra "Moto Perpétuo", fiz um cubinho com módulos de Sonobes pelo avesso com a lógica dos números sendo substituída pelas cores primárias (ímpares) e secundárias (pares). 
Pronto! 
Tinha virado um jogo! 
A-do-rei! 
Passei uma tarde nessa brincadeira!


Eis a inspiração: 

A Arte de Transformar com Luz e Cor

Inspirada em Lucia Koch e suas ideias de intervenção na arquitetura a partir do uso da cor e da luz, pensei nesse "Koch para janelas domésticas". 
Quero fazê-lo maior para mudar toda a sala. 
Talvez com material diferente de papel vegetal.  
; )


Em close:


E agora, a inspiração: jogos com vidros e espelhos no site specific "Matemática Espontânea" produzido para o Conjunto Nacional. Por Lúcia Koch.


12.7.11

Milhares de Guerrilha


Uma livre releitura da gravura "Bibi", de Beatriz Milhazes


Para Ver e Dobrar no FIG 2011

Sim, vamos ao FIG!

A oficina "Arte Contemporânea Para Ver e Dobrar: Práticas de Releitura através do Origami" está de volta em grande estilo, chic de cachecol. 
Vamos ao Festival de Inverno de Garanhuns! Nós, Gal Costa, Tulipa Ruiz, Bebel Gilberto, Mariane Bigio, Lia Letícia... Cada mulher poderosa!


Material comprado, apresentação prontinha, roupas quentinhas já dentro da mala. 


As inscrições estão sendo realizadas até 15 de julho, das 8h às 14h, na Secretaria de Cultura de Garanhuns. Centro Cultural Alfredo Leite Cavalcante (Praça Dom João Moura S/N). Informações pelo telefone (87) 3762.7063.


Para entendermos a proposta da Oficina, escrevi um texto e vou postar releituras durante toda a semana para aquecer e animar. 
Digo no plural porque até eu preciso de esclarecimentos! 
; )

----------------------------------------------------------------

Ver e Dobrar, práticas cotidianas

Olhar está bem no princípio da criação. A natureza, em movimentos, cores e formas, pode dar pistas valiosas para a criação artística.
Claro que sim!

Mas, desde os tempos em que vivíamos em cavernas, tem gente observando e gravando suas impressões em objetos rituais, decorativos e utilitários. Não é preciso reinventar a roda, mas sim criar maneiras para manter girando os zilhões de rodas do mundo pós-industrial.

Quando a roda passa a ser figura de linguagem, é a História da Arte que fala dessa trajetória. A história do viver, sentir e expressar. No nosso caso, dispomos mormente do papel como suporte, um dos mais versáteis. Podemos dobrar, inflar, armar, passar do plano ao tridimensional, do figurativo ao abstrato em um movimento.

Antes de pôr mãos às dobras, podemos fruir obras de arte, observar os jogos de des/equilíbrio que propõem, suas composições harmônicas ou não, o uso de materiais, volumes, sombras e tons, refletir sobre seus efeitos em nossas vidas.

Acredito que percorrer infinitamente os caminhos trilhados pela Arte, propor releituras, associações e apropriações, pode contribuir para dar saltos evolutivos no mundo do Origami - quem sabe? - rumo à sua consolidação como linguagem da Arte. Essa é a nossa ideia ao realizarmos releituras de obras tão díspares quanto as de Beatriz Milhazes, Picasso, Lygia Pape, Dali, Lucia Koch, Nelson Leirner...


"Picadeiro" de Nelson Leirner em nova versão. 

Beatriz Milhazes: faça você mesm@

Para ter a sua própria Beatriz Milhazes, há dois caminhos. Um possível e um de sonho.

O de sonho implica em anos numa fila de espera e em desembolsar centenas de milhares de dólares.
O possível é de guerrilha: agora e com o que temos em mãos.
Para fazer sua própria obra à Milhazes, basta colecionar:
- cores, muitas cores;


- corações;


- flores de vários tipos;


- círculos;


- estrelas;
- texturas.
Dobre, combine, cole, pinte, borde, pendure, fure, veja, ame...

  
Beatriz homemade!!!

Dancing with Beatriz Milhazes


As telas de Beatriz Milhazes...
… são como jazz, como se cada instrumento seguisse tocando à vontade, sem ensaio, o compasso a dar o tom do conjunto. Os encontros, a harmonia quase ao acaso.
… são como Carnaval, feito de multidões de experiências individuais. Cada folião, uma folia em si, uma fantasia.
…são como cidades, feitas de movimentos, cores e formas, caminhos que se cruzam ou não, vidas que dialogam ou não. Muita coisa ao mesmo tempo paralelamente se dando no espaço. Camadas de vida. O suporte bidimensional abstrai-se para o contínuo desabrochar das flores, o piscar de estrelas, o espoucar de fogos de artifício. Fluem ondas, corações batem.
Energia, alegria, força, vibração. Plural. Simultâneo.
Muito feliz meu encontro com "Dancing".

I Encontro Internacional de Origami em São Paulo

Post originalmente publicado no Dobrinhas no dia 28.06.2011

Estou no avião, voltando do I Encontro Internacional de Origami em SP. O evento, programado para dois finais de semana, continua até o dia 3 de julho no SESC Pinheiros. Fui convidada a oferecer a oficina "Para Ver e Dobrar", especialmente para a aula que tem Beatriz Milhazes como fonte de inspiração.
Preparei uma apresentação com o processo do meu pensamento e obras de arte que me inspiram releituras mil. Para exemplificar minhas ideias, preparei também uma peça para a exposição do evento composta por modelos muito simples em origami e todo tipo de aviamento: fitas, sianinhas, botões, miçangas, linhas...


O público era de apertar o coração de tão qualificado. Suei frio, tive dor de barriga, pitadas de medo e ansiedade tomaram conta do meu estômago diante do altíssimo nível dos dobradores e origamistas que encheram a sala no primeiro dia. Quarenta pessoas cujos nomes e/ou rostos eu já conhecia e cuja qualidade do trabalho é indiscutível!


Ouvindo atentamente as sugestões de César Ferro, pus música antes de tudo começar e depois da apresentação quando passamos a apresentar reproduções de quadros de Beatriz. Ao mesmo tempo, todos começaram a planejar e escolher formas, cores e disposição dos elementos no seu móbile experimental. Tulipa Ruiz para começar, para fazer a transição entre a aprendizagem do Colibri de Aldo Marcell e a explosão de flores e cores da nossa oficina.
Todos foram de extrema delicadeza, realizando seus próprios projetos de releituras. Gente que pratica origami há décadas dedicou uma tarde às mandalas mais simples do mundo.


Que coisas mais lindas os resultados! Que lugar tranquilo se tornou aquela sala envidraçada do SESC durante as dobras e montagens... Que lugar feliz, quando as obras ficaram prontas!
O mais importante foi que eu consegui fazer as pessoas entenderem o que eu quis dizer sobre as relações entre arte contemporânea possíveis e já experimentadas! O conceito de Origami de Guerrilha também foi bem apropriado por todos: realizar com o que temos!


Fiquei feliz!

Não posso esquecer de agradecer a todos os que me receberam, mas especialmente a Vânia Passos pela energia dedicada a este Encontro, pela oportunidade que me deu e pelos lindos papeizinhos cheios de borboletas, bolinhas e listrinhas. A Tico Volpato e André Costa pelo carinho com que organizaram minha vida e me receberam. A Maité, fiel e amada escudeira. A Martinha Ide em sua delicadeza e afeto encantadores, sempre me ciceroneando. A César Ferro por me mimar. A Sayuri, por compartilhar seus cenários secretos e pelas lindas bonequinhas. A Ricardo Tatoo pela reciprocidade do lugar garantido no coração e na casa, assim de graça.

O Encontro também gerou a possibilidade de materializar relações virtuais em abraços com Bela (adorável representante de Araraquara! hehehe) Veronica, Jaciara, Vera Young (beijo em Dani!), Araguacy...

Beijos em Norberto Kawakami, Clerdes, Amália, Agnes, Leno e Noêmia.

:***
eva

Alicismos - Salvador Dali

Pensando em Dali, nasceu uma Alice feita de Flor.

Para uma menininha chamada Ana Flor.


Alice no País das Maravilhas sonhada por Salvador Dali:


Picassodama!

Não dá para esquecer das aulas da minha querida professora de Semiologia Isabel Duarte!
Ela nos levava ao delírio imaginando traduções intersemióticas para HQs, haikais, filmes e quetais.
Acho que ela curtiria minha leitura de "Paul en Arlequin" de Picasso.

Voilá, la Picassodama!!!


Imagino que ela adoraria também a versão para música que a Rádio UNESP produziu.
Pesquisando a obra no Google, achei o link. Busquem também as cinco obras de Duchamp trabalhadas pelo programa "Um toque de arte: a cor do improviso".

Uma reprodução da obra original para ancorar os significados:
; )


Grande beijo!
eva

10.8.08

Para Ver e Dobrar - a oficina está de volta!



Queridos amigos,
a pedidos, vou oferecer mais uma vez a oficina
Para Ver e Dobrar : Origami em práticas de releitura de obras de Arte Contemporânea.

A partir deste sábado,
no Atelier CélulaMATER,
vamos dobrar tardes inteiras, peças completas, assistindo a imagens de obras de artistas do mundo todo. A idéia é aprendermos modelos novos, dos mais simples a alguns bem complexos durante as 4 primeiras aulas e realizarmos projetos individuais de releituras no último dia.
Os projetos estarão em exposição no Happening Hours de outubro, quando o Atelier abre as portas ao público.

O Célula é um lugar lindo, construído por Rinaldo.
Fica na Rua da Glória, 310, Boa Vista. Duração: 20h.
O investimento é de R$ 150,00.

Conheçam o programa da Oficina no blog Para Ver e Dobrar.

Confirme sua participação até quinta-feira para fecharmos uma turminha.
Fale comigo pelo e-mail evinhaduarte@gmail.com ou pelos telefones [81]34292190 e 94214662.

Muitos beijinhos dobrados,
eva

Histórias do Origami | parte 1


Imagens das primeiras publicações sobre o Origami no Mundo

Há várias histórias sobre o origami.
Essa é uma das possíveis:



O papel foi inventado na China, há mais de 2000 anos.
Logo depois, começaram a ser inventadas aplicações para a nova matéria-prima.
O Origami é uma delas.

Os chineses criaram as primeiras formas, mas foi no Japão que se tornou tradição, no princípio de duas maneiras, uma bem cotidiana e outra sagrada.
Servia tanto como embalagem para venda de kimonos como tomava a forma de borboletas pousadas sobre noivos e noivas.
Naquele tempo, por volta do século XII, o papel era muito raro e caro.
Até o séc. XVI, mesmo com o barateamento do papel, o Origami ainda era um privilégio para poucos e servia para distinguir a aristocracia samurai do restante da sociedade.
Somente entre os séculos XVII e XIX, a prática do origami começa a se democratizar. Surgem as primeiras publicações e até as gueixas usavam sapinhos dobrados para desejar o retorno dos seus clientes favoritos.

Havia por volta de 150 modelos simples, passados de geração a geração, ao longo dos séculos.
A tímida expansão do Origami no Japão teve a ver com a demanda versus oferta de papel, mas também com as restrições da ferramenta de ensino-aprendizagem à oralidade com demonstração.
Dois fatores foram fundamentais para que a lógica do privilégio fosse revertida e todos tivessem acesso às dobras. Ainda no séc. XIX, o comerciante de papéis Sr. Yushima importou papéis da Europa para Tóquio, mandou cortá-los em pedacinhos quadrados, empacotou pequenas porções e colou etiquetas “origami”. E, em meados do séc. XX, Akira Yoshizawa criou símbolos para representação das dobraduras de alcance internacional.
Outros povos também foram responsáveis pelo desenvolvimento do Origami no mundo. Há escolas importantes na Espanha, na Rússia e na Hungria. No século XIX, o criador dos jardins de infância na Alemanha, Friedrich Froebel, começou a usar o origami como exercício para o desenvolvimento da criatividade e para os primeiros contatos das crianças com as relações geométricas. Na escola de arquitetura e design Bauhaus, o Origami também era usado nas atividades pedagógicas.

Para Ver e Dobrar | Aula 5 | Os Projetos

Na quinta e última aula da oficina Para Ver e Dobrar, realizamos nossos projetos de releitura.
Os alunos trazem livros de arte, papéis diferentes e objetos para as montagens.

Mãos às (d)obras, turminha do CFAV:






Dois resultados:
por Lenice Queiroga:

Por Lúcia Rodrigues:

24.6.08

Para Ver e Dobrar | Aula 4 | Pensando o espaço


José Patrício, Zero Jogo, 2005.

Pensando o espaço, a quarta aula do Para Ver e Dobrar cria outra oportunidade exploração de possibilidades construtivas com um único módulo: o Sonobe.

Construção de planos tecendo com módulos e de objetos em 3 D, realizando desde possibilidades de montagem tradicionais – cristais, cubos e bolas (kusudamas) – aos mais diversos projetos de sólidos. Os dominós de José Patrício se identificam com a idéia desde o primeiro momento.




José Patrício, várias obras.
Recomendo o passeio pelo site do artista: www.josepatricio.com.br.

E aproveitamos para assistir à projeção de obras de Amílcar de Castro, Fupete, Gustavo Rezende, Lygia Pape, Mauro Fuke, Roland Fischer, Sacilotto, Steve Roden, Vasarely, Cildo Meireles e Waltercio Caldas.




Lygia Pape, Livro dos Caminhos, 1976.


Waltercio Caldas, Moto Perpétuo, 1973.




A releitura do dia:

José Patrício visto através de módulos Sonobe tramados em jogo de cores.



Para Ver e Dobrar | Aula 3 | Mosaicos


Lúcia Koch, Matemática espontânea.

Mosaicos é a terceira aula da oficina Para Ver e Dobrar.
Uma tarde inteirinha explorando um pouco das infinitas possibilidades construtivas com o módulo Froebel.
Do encontro entre os módulos, surgem naturalmente os mosaicos e combogós de Lucia Koch.




Lúcia Koch, várias obras.
Recomendo a visita ao portfólio da artista: www.luciakoch.com.

As outras imagens que nos inspiram são de obras assinadas por Amílcar de Castro, Daniel Acosta, Lucia Koch, Geraldo de Barros, Helio Oiticica, Julian Walker, Lygia Clark, Lygia Pape, Serena Piccinini e Marcelo Brandão.




Amilcar de Castro, Desenho.


Cildo Meirelles, Descala, 2002.




A releitura do dia:

Painel em Froebel realizado com papepl vegetal colorido.





Para Ver e Dobrar | Aula 2 | Seres em movimento


Calder, Poisson Volant, 1957.

No segundo dia, vemos animais
- existam eles ou não! -
nas obras de Escher, Calder, Renata Borges Fontenelle, Carlos Tanaka, Helio Oiticica, India Evans e Jane Hammond.

Escher é a inspiração-mor: borboletas, peixinhos e pássaros.



Recomendo a visita ao site oficial de Escher: www.mcescher.com.




Escher, várias obras.


A Viagem, Carlos Tanaka.




A releitura do dia:


Relendo Sky and Water I, M. C. Escher.

Para Ver e Dobrar | Aula 1 | Paisagens Imaginárias


Beatriz Milhazes, Paz e Amor, 1995-1996.



Eu chamo a primeira aula da oficina Para ver e Dobrar de Paisagens Imaginárias. Para mim, quase tudo no mundo poderia ser relido ou referenciado através do Origami. Com as obras de arte contemporânea, a identificação é frequentemente imediata e mágica. As obras de Beatriz Milhazes são perfeitas para iniciar esse percurso de fruição e releituras. Suas telas compostas por estrelas, formas circulares, flores modulares, mandalas. Modelos dobrados nos levam aos céus e jardins de Beatriz Milhazes.




Beatriz Milhazes, várias obras.

Enquanto dobrávamos, também víamos imagens de obras de Kathryn Chan, Miró, Kandinsky, Polly Apfelbaum e Jane Hammond.




Polly Apfelbaum, Love me tender, 2005.


Miró, Nocturne, 1940.


Jane Hammond, Scrapbook, 2003.




A releitura apresentada na aula: